Hoje esqueci uma das chaves enquanto saia para trabalhar, tive que reabrir o portão ao qual em todos os dias, sem exceção o abro e fecho apenas uma vez antes do almoço. Isso fez quebrar parte de mim.

Percebi o que já notava a algum tempo, mas que agora pareceu muito mais nítido: Eu não tenho uma rotina, a rotina sou eu, e fazer quebrar um ciclo tão perfeito fez com que eu me sentisse cansada, exaurida de mim mesma. Como podemos nos deixar absorver tanto por uma coisa repetitiva a ponto de nos tornar elas mesmas? Isso passou na minha cabeça e isso me fez querer escrever.

Quanto tempo não passamos sem ao menos pausar cinco segundos para respirar normalmente, enquanto nosso fôlego fica mais preso que solto pelos nossos anseios diários? Quanto tempo faz que não tomamos um banho de chuva simplesmente por diversão, e não por ter esquecido o guarda chuva e ainda nos enfurecer? Quanto tempo não deixamos a dieta de lado, os estudos de lado, a rotina de lado, para fazer algo que nos beneficie, que nos dê real prazer de continuar seguindo? Quanto tempo faz que colocamos o medo e a falta de coragem de lado, e damos um passo maior que nossa perna para um lado totalmente ao contrário, só para arriscar e ver o que acontece? Para ter certeza que não estamos vivendo nossa única opção de modo de vida?

Sim, uma reflexão que pode levar mais algumas dessas linhas, umas horas me explicando, alguns dias de teorias, e mais dias concentrados na rotina até que eu me lembre novamente de tudo isso não pode estar certo e que existe outros meios, outros caminhos, outras coisas a fazer, outras dores, outros prazeres, outros cantos de pássaros por ai, tudo por causa de uma simples chave esquecida na manhã de um dia qualquer.

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